Aquele Agosto em que o rei morreu “Elvis Presley”

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Há 32 anos, já fora da ribalta, Elvis Presley partiu para o seu descanso mais longo. A meio de Agosto, o ‘rei do rock’ morria em Graceland, a sua mansão em Memphis. Uma onda de lamentos, similar ao que recentemente aconteceu com Michael Jackson, percorreu o mundo. Portugal foi excepção
O rei morreu”, anunciam os jornais. Foi um símbolo musical, marcou a sua época e agora, quando já se encontrava longe das luzes da ribalta, faleceu inesperadamente em sua casa. Nos tempos que antecederam a morte encontrava-se numa fase de decadência musical e era criticado por opções estéticas. De quem estamos a falar? Sem as fotos que acompanham estas páginas, a maioria das pessoas estaria a pensar num nome: Michael Jackson.Porém, as descrições são retiradas da morte de um outro rei, o do rock’n’roll: Elvis Presley.A 16 de Agosto de 1977, Elvis sucumbia na sua mansão Graceland, em Memphis, alegadamente devido a um problema cardíaco. Ainda hoje há quem duvide da veracidade da sua morte, que foi confirmada logo de seguida pelo hospital local. Uma onda de lamentos nunca antes vista percorreu os Estados Unidos e estendeu-se até a grande parte do mundo ocidental. As linhas telefónicas da cidade onde Elvis vivia ficaram entupidas, as floristas esgotaram o stock e os fãs foram-se concentrando às centenas à porta de sua casa.
“O que aconteceu na altura com o Elvis foi muito similar ao que aconteceu com agora com o Michael Jackson”, garante o cantor e compositor Tozé Brito. Portugal foi, no entanto, uma excepção. Mesmo os músicos, como explica Tozé Brito, quase ignoraram o sucedido vendo Elvis apenas “como alguém que tinha sido famoso nos anos 50” e não como uma referência. Apesar de hoje ser uma lenda, “o Elvis na altura tinha sido completamente ultrapassado pela música dos Beatles, os Stones, os Beach Boys e o Simon Garfunkel”. Estas sim as verdadeiras referências para os músicos portugueses que como Tozé Brito iniciavam a carreira na década de 70.
Por outro lado, como lembra o compositor português, “ninguém percebia o que se estava a passar com ele antes da morte, também ela estranha”. Os contornos que envolvem a sua morte, variam conforme os autores das biografias, porém há factos comuns. Consta, que na noite anterior à sua morte, Elvis foi ao dentista às 23.00, tendo depois regressado a casa. De seguida, terá jogado ténis e tocado piano até ás cinco da madrugada, hora em que foi dormir. Ao acordar terá ido à casa de banho, de onde só saiu já sem vida. As circunstâncias são, no mínimo, estranhas.
Elvis está morto?
Para alguns fãs e amantes da conspiração, a morte de Elvis há 32 anos não passou de um embuste. A expressão “Elvis is not dead”(Elvis não está morto) foi vulgarizada e são vários os filmes de ficção científica em que, perante a presença de extraterrestes, há humanos a apelar: “Devolvam-nos o Elvis”. Este último apelo remete para a teoria de que Elvis foi raptado por seres de outro planeta.
Da lenda vieram outros mitos como o facto de Elvis ter fugido por ter sido ameaçado de morte pela máfia ou ter sido visto no dia seguinte à sua morte na Argentina, onde tinha uma mansão. Existem até sociedades, as Elvis Sighting Societies, composta por crentes que se dedicam a recolher “provas” de que o rei do rock’n’roll está vivo.
Porém, a versão oficial – atestada pelo certificado de óbito – coloca esta teoria num nível conspirativo similar aos seguidores do movimento Paul is dead, que acreditam que Paul McCartney terá morrido num acidente em 1966 e que um sósia assumiu a sua identidade.
Brilhatina e “bobo da corte”
Quando Elvis morreu estava longe do seu auge de fama, que havia atingido nos anos 50. Porém, o “rei do rock’n’roll” ou Elvis, the Pelvis, como ficou conhecido devido à sua forma de dançar, foi sem sombra de dúvida um dos maiores ícones da música do século XX. Os especialistas da época diziam que Elvis conseguia atingir notas musicais, a que raramente um cantor popular conseguia chegar.
A sua aventura musical começou em 1953, onde gravou alguns temas num estúdio em Memphis. Porém, foi em 1954, enquanto cantarolava descontraidamente That’s All Right, Mama, que Elvis chamou a atenção de Sam Phillis, produtor musical que o lançaria. Este momento é considerado o “grau zero do rock”. Estava lançado o rock’n’roll. Seguiram-se anos dourados para Elvis com êxitos como Hound Dog, Love me Tende, All Shook up, Surrender, Burning Love, My Boy ou Moody Blue.
Com passagens pelo exército (o que foi aproveitado comercialmente), êxitos musicais, idas ao programa de Frank Sinatra e a entrada em Hollywood, onde fez filmes como Flaming Star, dirigido por Don Siegel ou Viva Las Vegas, Elvis tornou-se uma figura mundialmente famosa.
“Até a meio da década de 60 aguentou-se na crista da onda, depois não se soube adaptar como Sinatra e Tony Bennett e passou de moda”, conta Tozé Brito. Em 1967, Elvis ainda surpreendeu com o gospel How Great Thou Art, premiado com um grammy, mas a partir daí começou a decadência. Nos anos 70, continuou a participar em programas televisivos e a sua importância fez com que chegasse a encontrar-se com Nixon na Casa Branca. Porém, o mundo da música, como explica Tozé Brito, via Elvis como “um símbolo kitsh, tinha 30 quilos a mais e insistia em vestir as mesmas roupas e usar brilhantina. Foi fatal. Passou de estrela a bobo da corte.”
Nos anos que antecederam a sua morte, o artista de Memphis ainda daria brilhantes espectáculos, chegando um crítico do New York Times a escrever “Presley melhora cada vez mais a sua voz, atingindo excelentes notas vocais. Ele ainda é o rei nos palcos”. Porém, no dia da sua morte, Elvis estava longe da ribalta.
Apesar das críticas, Tozé Brito reconhece: “deixou uma obra importantíssima. Foi um ícone. Não é ao acaso que há selos com a cara dele nos Estados Unidos.”
dnpt/padom.com.br

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