Bispo Honorilton ‘braço direito’ de Edir Macedo, afirma que matéria contra Valdemiro Santiago foi ‘apuração de denúncia’

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Bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus e vice-presidente da Record, Honorilton Gonçalves, 52 anos, é o responsável toda a parte artística da emissora. Considerado o braço-direito de Edir Macedo é um dos homens fortes do canal, mais precisamente o que decide por contratações ou mudanças de rumo na programação. De difícil acesso, Honorilton raramente dá entrevistas. A coluna conseguiu conversar com ele durante a festa de lançamento da nova grade da Record. Leia a conversa a seguir, sem cortes.

IG: O que é definidor na formação da grade de programação da Record? Há quem diga que a emissora exagera na quantidade de reprises de atrações como “Pica Pau” e “Todo Mundo Odeia o Chris”.
HONORILTON GONÇALVES: Eu acho que os telespectadores é que exageram na dose de gostar das coisas! Então nós somos obrigados a manter o que dá certo. Essa é a política da Record: nós atendemos ao público.

IG: Há algum plano de trazer de volta programas que sairam do ar por queda na audiência ou por fim de temporada, como o “Marcas da Vida” e o “E Aí, Doutor?”?
HONORILTON GONÇALVES: O “E Aí, Doutor?” é um programa que a gente tem um carinho muito grande. Ele não saiu do ar, só saiu temporariamente da grade. Com certeza, em algum momento, vai voltar.

IG: Como se resolve o problema das tardes da Record? Atualmente ela está repleta de enlatados e reprises.
HONORILTON GONÇALVES: Nós não precisamos resolver porque está resolvido. E o que está resolvido não se resolve. O que entra à tarde na Record tem qualidade bem superior do que passa em outras emissoras.

IG: A Globo tem focado cada vez mais na chamada classe C. Esse também é o alvo da Record nesse momento ou o plano é qualificar a audiência? Há estudos sobre isso?
HONORILTON GONÇALVES: Nós fizemos esse estudo há 15 anos. Ou seja: há 15 anos nós trabalhamos com as classes A, B , C, D e E. Eu acho que deu tão certo que a Globo resolveu cuidar da classe C. Nós cuidamos de todas as classes na Record.

IG: “Rei Davi” tem se mostrado uma importante arma na guerra por audiência. Há planos de estender produções bíblicas na programação?
HONORILTON GONÇALVES: Eu acho difícil. O espaço continuará sendo o mesmo de hoje.

IG: Há quem diga que esta pode ser a última edição de “A Fazenda”. Procede?
HONORILTON GONÇALVES: Não! Claro que não!

IG: Também surgiram rumores de que Ana Hickmann poderia perder o “Tudo É Possível” porque supostamente o programa não daria lucro. Na mesma época, disseram que ela poderia voltar ao “Hoje em Dia”. O que há de verdade nisso?
HONORILTON GONÇALVES: A Ana Hickmann está muito bem no horário que está, o domingo a tarde. Ela está atendendo a expectativa e não há esse interesse de removê-la para outro horário, não.

IG: A Record costuma atingir a liderança na faixa matinal em alguns dias, mas deve ganhar uma forte concorrência da Globo, que está turbinando o horário com a chegada de Fátima Bernardes no segundo semestre. Vocês estão preparando um contra-ataque?
HONORILTON GONÇALVES: Estamos. Não podemos adiantar nada, mas estamos preparando algo para o segundo semestre. Será algo bastante importante para as manhãs da Record.

IG: Isso significa que o “Hoje em Dia” sairá do ar?
HONORILTON GONÇALVES: Não necessariamente. Mas estamos preparando algo importante, só não posso adiantar.

IG: Como está a briga com a Globo e com a Fifa pelos direitos das Copas de 2018 e 2022?
HONORILTON GONÇALVES: Isso está nas mãos dos advogados e eu não estou acompanhando no dia-a-dia. Mas o jurídico está cuidando disso.

IG: Havia um projeto estruturado formalmente pela Record para concorrer a uma licitação pelos direitos da Copa?
HONORILTON GONÇALVES: Eu estive pessoalmente com o diretor de marketing para televisão da Fifa e nós iniciamos uma negociação. Levamos um contrato assinado garantindo que nós concordávamos com as exigências da Fifa para, posteriormente, apresentarmos uma proposta financeira numa eventual licitação que ele disse que ocorreria após a Copa de 2014. Para não atrapalhar o andamento, eles iriam abrir a licitação após 2014. E nós fomos surpreendidos.

IG: Havia uma proposta financeira estabelecida?
HONORILTON GONÇALVES: Esperávamos que houvesse interesse pelo menos em nos ouvir para ajudar inclusive a estabelecer o valor que a Globo deve ter pago. Porque, se não tem concorrência… Eu acho, honestamente, que deram um chute no traseiro da Fifa. Devem ter perdido dinheiro. Como vão ganhar dinheiro sem concorrência?

IG: Quando a Record adquiriu os direitos do Pan de 2019 não houve licitação também.
HONORILTON GONÇALVES: Todos foram chamados. Não houve realmente uma licitação, mas houve um “quem tem interesse?”.

IG: A Globo disse na época que não foi chamada.
HONORILTON GONÇALVES: Ah, tadinhos. Eles são inocentes! Nós temos que admitir que a Globo começou agora, não sabe negociar, não tem visão empresarial e realmente foi enganada. (irônico). A Fifa com certeza perdeu dinheiro ao vender a Copa do Mundo sem concorrência.

IG: Quanto a Record estava disposta a pagar pela Copa?
HONORILTON GONÇALVES: Nos Estados Unidos eles chegaram a R$ 1 bilhão pelas duas Copas? Foi um pouco menos que isso. Chegamos a formular uma proposta, mas eles não aceitaram naquele momento. Eles só queria um documento formal de que nós estávamos dispostos a participar de uma licitação e esse documento foi assinado e entregue. Disseram que logo tivessem uma data nos avisariam.

IG: Há quem diga que uma entidade privada não precisa abrir licitação.
HONORILTON GONÇALVES: Olha, aí é relativo. A CBF é uma entidade privada e todo mundo está sempre de olho, querendo saber o que está acontecendo, Ricardo Teixeira tem de prestar conta e acabou saindo.É uma entidade privada também?

IG: Como se deu a negociação com outras emissoras pela cobertura das Olimpíadas? Houve quem reclamasse da quantidade de credenciais que recebeu. Vocês tentaram dificultar a vida da Globo?
HONORILTON GONÇALVES: Não, nós facilitamos. A Globo dificultou a vida da SporTV em Pequim, em 2008. Nesse ano a SporTV teve 26 credenciais dadas pela Globo. Agora, estamos dando 40. Somos generosos. Mais generosos que a Globo. Nós revendemos o direito para a Globosat. Se eles quisessem ficar com tudo só pra eles, teriam 80 credenciais. Como eles repassaram os direitos, regularam credenciais. Eles poderiam ter ficado com 80. Era só não ter vendido pra Band e pra ESPN.

IG: Foi difícil tomar a decisão de colocar no ar uma reportagem que atacava Valdemiro Santiago, da Igreja Mundial?
HONORILTON GONÇALVES: Não. Chegou a denúncia e fomos investigar para ver se havia de fato consistência. Havia e nós tomamos a decisão de colocar a reportagem no ar, do mesmo jeito que fizemos com o Ricardo Teixeira e tantas outras que colocamos.

IG: Apesar de ser uma empresa independente, a Record é ligada à Igreja Universal, concorrente da Igreja Mundial. Há quem enxergue algum tipo de interesse nisso.
HONORILTON GONÇALVES: Não, o interesse foi investigativo. Chegou a denúncia, nós investigamos, vimos que tinha consistência e resolvemos colocar no ar. Tivemos um cuidado grande, investigamos durante meses. Foi tudo tratado jornalisticamente.

IG: Haveria esse mesmo cuidado se a denúncia fosse sobre Igreja Universal?
HONORILTON GONÇALVES: Não chegou denúncia assim. Se chegar, vai ser investigado. Todas as denúncias que chegam na Record são apuradas.

IG: Houve quem dissesse que a Record passou por momentos trepidantes, chegando a proibir inclusive que os funcionários fizessem hora extra. Já passou o pior? 
HONORILTON GONÇALVES: Olha, se a Record estava nesse momento que você está falando, nós, que estávamos lá dentro, não sentimos, nem percebemos. Continuamos no mesmo ritmo de trabalho e no mesmo empenho pra chegarmos à liderança. Não teve esse problema que todo mundo fala.

IG: Está feliz com o atual momento da Record?
HONORILTON GONÇALVES: A Record vive um excelente momento, como no ano passado viveu. Não houve nenhuma crise na Record, principalmente crise econômica. A Record continua com o mesmo compromisso de sempre, de chegar ao primeiro lugar. Nunca perdemos essa visão e estamos trabalhando para isso.

IG: Em quantos anos a Record vencerá a Globo?
HONORILTON GONÇALVES: Não existe essa projeção de tempo. Mas vamos chegar lá.

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