Cleiton Santos: de traficante a ator em “O contador de histórias”

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Cleiton Santos, de 23 anos, tinha tudo para virar estatística da violência: viu o pai e o tio serem assassinados, envolveu-se com o tráfico de drogas, gerenciou boca de fumo e foi detido por tentativa de homicídio. Tudo isso antes dos 18 anos. Hoje, o mineiro é artista de cinema. Desbancou centenas de rapazes, arrematando um papel em “O contador de histórias”, filme baseado na vida de Roberto Carlos Ramos, dono de uma história de vida que é exemplo de superação. Assim como Cleiton, seu intérprete na telona.— Entrei no tráfico aos 11 anos para vingar a morte do meu tio. Mas, graças a Deus, não fiz isso — conta o novo ator, que, por pouco, não tem um assassinato nas costas: — Com 16 anos, vi um vizinho dar um tapa na cara da minha mãe por causa de jogo e fui para cima dele para matar. A polícia me pegou por tentativa de assassinato. Foi quando saí do crime.
Para entrar no filme de Luiz Villaça, Cleiton passou por vários testes. No último, todos os concorrentes precisaram contar uma história. Foi assim que Cleiton conquistou o diretor (veja o quadro verde) e ganhou o papel principal, que divide com outros dois atores.
— A história do Roberto é muito comovente. Comparei com a minha, sim. Afinal, nossas vidas deram uma guinada de 180 graus — diz.
Evangélico há sete anos, Cleiton trabalha como vigia para manter sua mulher e dois filhos. Mas é a carreira de ator que lhe interessa.
— Já estou até preparando meu currículo — conta ele, que já ganhou até prêmio pelo filme: — Passei muita humilhação nessa vida, agora chegou o momento de eu ser exaltado!
Veja abaixo o depoimento que Cleiton deu e conseguiu o papel para o filme e leia mais sobre “O contador de histórias” no Sessão Extra:
“Meu avô bebia muito, e ele bêbado era sempre engraçado. Certa vez, morreu um cara lá na rua. Aí meu avô chegou diante do corpo e começou a chorar. Ele falava: ‘Mataram meu amigo!’. Meu avô não sabia, mas o morto tinha acabado de roubar um açougue. Até que apareceu o tal do açougueiro, que quis saber se meu avô conhecia o defunto. Ele disse que sim, que estava muito triste. O açougueiro, sério, contou que tinha atirado em legítima defesa. Aí meu avô parou de chorar e soltou: ‘É, ele não prestava mesmo não, valia nada’.”
extra/padom

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