Entrevista com o Pastor e Teólogo Esdras Linhares

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Esdras Mendes Linhares é bacharel em Teologia, possui Licenciatura em Letras pela Universidade Estadual de Maringá/PR, Mestre em Literatura Portuguesa, pastor na igreja Presbiteriana Renovada do Brasil, Diretor e também Professor no Seminário Presbiteriano Renovado de Cianorte/PR, Vice-Presidente no Presbitério de Cianorte/PR da Igreja Presbiteriana Renovada do Brasil, filho de Osair e Pr. Altair Batista Linhares que fundou o órgão missionário Mispa – Missão Priscila e Áquila, casado com Líbia Aparecida Silva, e, pai de Filipe Silva Linhares.

esdras-linhares-entrevista1 – Pastor Esdras, como começou o seu processo de desenvolvimento e crescimento espiritual, suas primeiras atuações dentro da Igreja e a certeza do seu chamado?

Nasci num lar evangélico, sou filho de uma família presbiteriana. Ao longo da minha infância em muitas oportunidades acompanhei meu pai, pastor evangélico, nos trabalhos evangelísticos e reuniões e vigílias de oração. Sempre estive envolvido nos trabalhos da igreja evangélica. Fui presidente da liga juvenil e aos doze anos fui recebido como membro, através da profissão de fé, na Igreja Presbiteriana Independente de Teófilo Otoni – MG. Quando estava com 13 anos, num culto de despertamento vocacional na igreja, senti o chamado para o ministério. A partir de então, envolvi-me mais ainda com os trabalhos da igreja, posteriormente, fui líder dos jovens da igreja e comecei a pregar nos cultos da igreja e ao ar livre e nas igrejas da região. Com 17 anos ingressei no Seminário Presbiteriano de Cianorte para fazer o curso teológico.

2 – O Pastor presenciou a fase onde ocorreu o movimento pentecostal, dando início a Igreja Presbiteriana Renovada do Brasil que vem de uma linha tradicional, Igreja Presbiteriana Independente, na década de 60/70. Quais foram os acontecimentos que marcaram esse momento?

Sim. Foi um momento maravilhoso para todos nós. Em 1972 fui batizado com o Espírito Santo no Encontro Nacional de Renovação espiritual em Recife. Eu era adolescente na época e me envolvi totalmente nesse movimento. Tínhamos frequentemente vigílias de oração, cultos maravilhosos, repassados da bênção e da unção do Senhor. Fazíamos cultos na praça da cidade todos os domingos, antes do culto na igreja e vínhamos louvando a Deus no trajeto da praça para a igreja. Nesse tempo, aprendi a tocar violão e tornei-me músico da igreja. Saíamos nas tardes de domingo para evangelizar e a igreja experimentou um crescimento exponencial nesse período.

3 – Há muitas igrejas neopentecostais hoje no Brasil e são igrejas que crescem muito, pois pregam a teologia da prosperidade e atrai muitos seguidores. Como o senhor vê essas igrejas?

Acredito que o evangelho de Cristo deve ser pregado na sua completude. O evangelho de Cristo é muito mais que a busca da prosperidade financeira. O grande problema de uma pregação parcial do evangelho é que se omitem outros aspectos essenciais como, a verdadeira espiritualidade, a busca por uma vida de piedade e consagração a Deus, o compromisso de tomar cada um a sua cruz e seguir a Cristo, dentre outros. As igrejas se tornaram um balcão de prestação de serviços, para onde as pessoas vão em busca de serem atendidas nas suas necessidades imediatas, mas não se preocupam com as verdades cristãs que verdadeiramente transformam-nas em novas criaturas. Esse é o fenômeno da secularização da igreja cristã, em que as pessoas apenas usam Deus para alcançar os seus objetivos.

4 – Historicamente percebemos no passado e presente diversos tipos de perseguições e sofrimentos, desde físicas a moral/psicológicas, de cristãos e aqueles que desenvolvem o seu chamado. Quais são os desafios mais atenuantes enfrentados pela Igreja, conforme seu ponto de vista, atualmente?

Penso que o grande desafio da igreja hoje é ser uma igreja verdadeiramente cristã. A igreja não pode flexibilizar princípios bíblicos que são inegociáveis, mesmo que isso venha a resultar em perseguição e sofrimento. Há muitos cristãos sofrendo e morrendo por Cristo ao redor do mundo, vítimas de extremistas de outras religiões e até de governos. A igreja precisa estar verdadeiramente aderida a Cristo para se manter firme e enfrentar até mesmo as perseguições.

5 – O senhor é Diretor do Seminário Presbiteriano Renovado na cidade de Cianorte/Paraná, seminário esse que tem 50 anos e grandes homens de Deus passaram por aqui. Como é lidar com isso?

É uma responsabilidade muito grande. Muitos são os desafios. O que nos dá segurança é saber que fomos designados por Deus para desenvolver esse trabalho. Cada pessoa tem uma missão a cumprir para Deus. Os homens de Deus que passaram por esta Casa de Profetas desenvolveram um trabalho de excelência no seu tempo. Nos sentimos honrados porque Deus nos deu o privilégio de estar aqui desenvolvendo um trabalho para ele, num lugar tão significativo para todos nós, no tempo dEle. Cada um de nós tem o seu tempo e o seu trabalho a desenvolver. Tenho procurado entregar-me para fazer o melhor para Deus e realizar um trabalho produtivo para a igreja.

6 – O curso de teologia não só serve para pessoas que serão lideres religiosos, como também para aqueles que têm o interesse de aprofundar o conhecimento; contudo, para aqueles que serão lideres servem de base, assim como qualquer outro curso fornece base para sua atividade. Qual é a sua opinião acerca de líderes que são vocacionados, mas que não possuem formação teológica?

A vocação é marcante. É a base para a renúncia, para a entrega ao ministério. Acredito que cada pessoa vocacionada tem a sua importância para a obra de Deus. Há pessoas que se encontram em lugares e circunstâncias em que é impossível se deslocar para vir ao seminário. Acredito que há lugar para todos na obra de Deus, mas aqueles que não têm uma formação teológica, frequentemente, ficam muito limitados. Penso que se alguém é vocacionado por Deus deve buscar a formação teológica, mesmo que isso implique sacrifício para si mesmo e para a sua família.

7 – Quais os conselhos o senhor da para os seus formandos em teologia?

Tenho o privilégio de ministrar aulas para os formandos no seminário. O que eu tenho dito a eles é que confiem acima de tudo no Deus que os chamou. O conhecimento teológico é extremamente importante, mas é impossível desenvolver um trabalho frutífero na obra de Deus, tendo como base apenas o conhecimento. O ministério cristão é um trabalho essencialmente espiritual. O conhecimento teológico é de extrema importância, ao lado de uma vida de consagração a Deus, oração, dedicação, responsabilidade e trabalho.

8 – Quais os conselhos que o senhor da para os que têm interesse em cursar teologia?

Que busquem uma instituição idônea, que tenha uma teologia conservadora, cristocêntrica, bíblica e que ensine, não apenas princípios teológicos, mas que ajude a desenvolver outros aspectos do ministério que são também importantes. Acredito também que é importante buscar uma instituição que enfatize os aspectos práticos do pastoreio e do ministério e que estimule e promova uma busca por uma vida piedosa, de consagração a Deus, de oração e compreensão do verdadeiro sentido do que é ser ministro de Cristo ao lado de um ensino de excelência.

9 – Quais são as suas considerações finais?

Mais do que nunca, necessitamos buscar a presença de Deus. Haja vista que o mundo está cada vez mais corrompido pela maldade. Só uma vida de total consagração a Deus nos dará condições de suportar as adversidades. Ministério pastoral é entrega total a Deus. Muitos pastores tem se perdido na caminhada porque se esqueceram do principal objetivo das suas vidas que é servir a Deus. Precisamos voltar a Deus. Somente uma volta a Deus, a começar pelos ministros eclesiásticos, salvará a igreja e nosso mundo.

por: Daniel de Paula

Portal Padom

 

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