Ex-ministro da Defesa israelense está confiante com a relação de Bolsonaro com Israel

'Não há dúvida de que a mudança no Brasil é boa para Israel. Espero que também seja bom para o Brasil", diz ex-ministro da Defesa de Israel ao fazer análise da vitória de Bolsonaro e governo do PT.

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O ex-ministro da Defesa de Israel, Moshe Arens, que atualmente escreve como colunista para um dos mais importantes jornais israelenses o Haaretz, na madrugada desta segunda-feira, escreveu falando sobre a vitória de Jair Bolsonaro como presidente do Brasil.

Aos 92 anos, Moshe, tem em seu curriculum importantes cargos, como Engenheiro Aeronáutico Israelita, foi Ministro da Defesa por três vezes, Ministro das Relações Exteriores, Embaixador de Israel nos Estados Unidos, professor e membro do partido Likud, nacionalista de direita.

Moshe vê com bons olhos a relação que o Brasil terá com Israel no governo de Jair Bolsonaro e diz que torce para que seu governo seja bom para o Brasil.

Leia abaixo na íntegra a tradução de seu artigo intitulado “Brazil’s New Government Good for Israel?” (O novo governo do Brasil é bom para Israel?).

Opinião: O novo governo do Brasil é bom para Israel?

O Brasil, o país mais importante da América do Sul, elegeu um novo presidente – Jair Bolsonaro. Um país rico em recursos naturais, com a oitava maior economia do mundo, há anos tem sido assolado pela corrupção desenfreada e pela crise econômica em um excelente exemplo de má administração governamental.

A população do Brasil sinalizou que eles querem uma mudança. Os responsáveis por anos de corrupção estão fora. Dilma Rousseff assumiu como presidente em 2015, sofreu impeachment em abril de 2016. No dia 31 de agosto de 2016 o Senado brasileiro removeu Rousseff ao cargo de presidente.

Nas eleições de 2018, substituindo Dilma Rousseff estava Fernando Haddad, do Partido dos Trabalhadores, que disputou com Bolsonaro na eleição. Na mesma eleição, a própria Rousseff falhou em sua tentativa de ganhar uma cadeira no Senado.

A administração de Dilma havia permitido a abertura de uma embaixada palestina na capital brasileira, Brasília, e manteve relações estreitas com os palestinos. No entanto, foi uma surpresa quando o Brasil se recusou a aprovar a nomeação de Danny Dayan, morador do assentamento Karnei Shomron em Samaria, como embaixador de Israel no Brasil em 2015.

A aprovação de um embaixador pelo país anfitrião, embora parte do protocolo diplomático, é geralmente considerado não mais do que uma formalidade. Não foi esse o caso desta vez. O Brasil rejeitou a nomeação.

Antes da decisão do Brasil, um número de israelenses tomou a medida muito incomum de se aproximar do governo brasileiro pedindo para rejeitar a nomeação. Entre eles estavam ex-embaixadores israelenses que no passado serviram lealmente ao governo israelense sem considerar quem aprovou sua nomeação. Se suas recomendações ao governo brasileiro tiveram um impacto sobre a decisão final, não se sabe.

Israel não teve escolha senão retirar a nomeação de Dayan como embaixador no Brasil e nomear alguém em seu lugar, que foi devidamente aprovado.

Dayan agora está servindo como cônsul geral de Israel em Nova York. É improvável que esse episódio possa ocorrer sob a administração do recém-eleito presidente brasileiro, Bolsonaro.

Como era de se esperar, a eleição de Bolsonaro foi denunciada pelos críticos, tanto dentro quanto fora do Brasil, alguns dos quais o rotularam de populista semelhante ao presidente dos EUA, Donald Trump. Tal crítica também foi expressa em Israel.

Se ele (Bolsonaro) conseguirá superar a corrupção massiva e liberalizar a economia do Brasil, as tarefas que ele estabeleceu para si mesmo ainda precisam ser vistas. Para Israel, a questão é se ele é bom para Israel.

Até agora, as indicações são de que as relações Israel/Brasil estão prestes a mudar substancialmente para melhor. Depois de 13 anos sob as presidências de Lula da Silva e Dilma Rousseff, parece que vai haver uma mudança radical.

Mover a embaixada brasileira em Israel para Jerusalém foi um dos primeiros anúncios de Bolsonaro e constituiria uma mudança dramática. Apenas um punhado de países da América Central seguiu o exemplo americano a esse respeito.

Bolsonaro já falou com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que planeja participar da posse de Bolsonaro. Pode-se seguramente assumir que Bolsonaro também visitará Jerusalém.

Estabelecer esse tipo de relacionamento com um dos grandes países do mundo só pode significar um aumento da estatura para Israel entre as nações.

Não há dúvida de que a mudança no Brasil é boa para Israel. Espero que também seja bom para o Brasil.

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