Hospital confirma morte do deputado Clodovil Hernandes

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BRASÍLIA – O deputado federal Clodovil Hernandes (PR-SP), de 71 anos, morreu nesta terça-feira, às 18h50, após uma nova parada cardíaca. O diretor-técnico do Hospital Santa Lúcia, doutor Cícero Dantas Neto, anunciou nesta tarde a morte cerebral do deputado. A equipe médica informou que, após a parada cardíaca, somente as córneas poderão ser doadas. Já os demais órgãos ficaram inapropriados para o procedimento de transplante.

“[Após a parada cardíaca], todos os órgãos são perfurados por sangue, menos as córneas, que têm capacidade ímpar de estarem disponíveis até seis horas depois da parada cardíaca”, explicou o médico Lúcio Lucas, membro da equipe responsável pela avaliação dos órgãos do deputado.

A assessoria do Clodovil informou ainda que “não terá tempo” para velar o corpo em Brasília. Foi decidido que o velório será realizado pela manhã nesta quarta-feira na Assembleia Legislativa de São Paulo. Já o enterro ocorrerá no fim da tarde no Cemitério do Morumby, na zona sul da cidade, onde a mãe adotiva de Clodovil está enterrada.

Antes de completar a avaliação do transplante, os médicos ressaltaram que o deputado estava em idade avançada e tinha um histórico de pressão alta, o que poderia deixar os órgãos em situação não satisfatória para transplante.

A doação de órgãos do parlamentar chegou a ser consentida por pessoas próximas a ele, pois, filho único e adotivo, Clodovil não mantinha contato com outros parentes. A doação foi até autorizada pelo Ministério Público do Distrito Federal. “Sempre escutei dele essa vontade de doar seus órgãos caso houvesse essa necessidade”, explicou a assessora de imprensa dele, Berta Pelegrino.

Na Câmara dos Deputados, a vaga de Clodovil será ocupada pelo primeiro suplente, coronel Paes de Lira (PTC-SP).

A assessoria do Clodovil informou que o deputado deixou um testamento com a divisão de seus bens. Ele possuia uma casa em Ubatuba (SP), além de jóias, prataria, obras de arte e móveis. A advogada Ana Maria Hebe de Queiroz, de São Paulo, deve cuidar dos trâmites.

Derrame cerebral

AE

Clodovil sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico na madrugada de segunda-feira. Por volta das 7h, o deputado foi encontrado caído em sua casa por um assessor parlamentar. Ele foi levado ao Hospital Santa Lúcia pelo serviço de emergência da Câmara dos Deputados em estado de coma.
Segundo os médicos, na escala de 3 a 15, usada para qualificar a gravidade do coma (sendo o nível 3 o mais grave), Clodovil chegou ao hospital no nível 5. O parlamentar ficou internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em estado de “extrema gravidade”. Os sinais vitais do deputado foram mantidos às custas de medicamentos e equipamentos.

Clodovil havia sido internado ao menos três vezes nos últimos dois anos. Em 2007, ele teve um AVC, decorrente de uma piora de um quadro de hipertensão arterial sistêmica, e uma suspeita de dengue. Já em 2008, o deputado federal foi levado ao hospital novamente por causa de uma embolia pulmonar.

Clodovil fez da polêmica sua marca

Um dos mais famosos estilistas e apresentadores do Brasil, Clodovil Hernandes foi o terceiro deputado federal mais votado do País nas eleições de 2006, com 493.951 votos.

Filho de pais adotivos, Clodovil nasceu em 1937, na cidade de Elisário, interior de São Paulo. Aos 20 anos, mudou-se para a capital paulista e logo se firmou como costureiro das celebridades, entre elas Elis Regina, Cacilda Becker e as famílias Diniz e Matarazzo. Na década de 1990, passou a se dedicar somente à televisão, comandando programas como o “TV Mulher”, na Rede Globo, junto com Marta Suplicy, ex-prefeita de São Paulo e ex-ministra do Turismo. Clodovil passou também pelas redes Manchete, Gazeta e RedeTV.

Alvo de diversas acusações de racismo, o deputado e apresentador chegou a dizer em uma entrevista, em 2005, que perdera a conta de quantos processo respondia. Em 2004, em um de seus programas, Clodovil chamou a então vereadora de São Paulo Claudete Alves (PT-SP) de “macaca de tailleur metida a besta”. No ano seguinte, disse à deputada Cida Diogo (PT-RJ) que atualmente “as mulheres trabalham deitadas e descansam em pé”. Ele chamou também a deputada de “mulher feia”.

Eleito pelo Partido Trabalhista Cristão (PTC-SP), Clodovil deixou a legenda em 2007 para integrar os quadros do Partido da República (PR-SP). Acusado de infidelidade partidária, foi absolvido por unanimidade pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na quinta-feira passada.

Veja a trajetória de Clodovil Hernandes

(*com informações da Agência Estado)

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