Me da um abraço?

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Agora são exatamente uma hora e nove minutos do dia 17 de março de 2011 Confesso que lutei bravamente para pegar no sono, mas fui vencido por minha mente.
Ela, teimosa com sempre, insiste em encontrar a metáfora exata para ilustrar dois eventos que a marcaram de forma indelével na noite de ontem. Sendo assim, mesmo a contra gosto (pois queria realmente dormir), aqui estou para tentar traduzir o que sinto, e definir a razão da minha insônia.
Durante os últimos dias, um espírito humanitário, por assim dizer, está “inundando” muitos corações ao redor do mundo, em decorrência das catástrofes no Japão. Ontem meu twitter foi “inundado”, por noticias ao vivo, vindas de inúmeras agências ao redor do mundo, tais como CNN, BBC de Londres, entre outras, mostrando as proporções apocalípticas da tragédia na Ásia.
Em meio a tantos tweets alarmantes, um dentre os demais me chamou a atenção e causou uma marca em minha mente que associada a outro evento que aconteceria a seguir, roubariam para si o meu sono.
Achei muito interessante quando, vasculhando os tweets vi o Pr. Ricardo Gondim, pastor da Igreja Assembléia de Deus Betesda em São Paulo, dizendo: “Não, não vou floodar a timeline de vocês com notícias sobre o Japão. É que eu fico com o coração apertado com os acontecimentos”.
Quase que simultaneamente a isso, uma pessoa muito querida, me enviou um link do youtube, contendo um vídeo fantástico que define o sentimento existente no coração do Ricardo, e em contrapartida, define também a mentalidade social contemporânea.
O vídeo, que está  abaixo deste post, discute em linhas gerais, o esfriamento das relações humanas, causado indiscutivelmente pela evolução tecnológica e pelo neoliberalismo econômico, que escravizam e tornam os humanos cada vez mais distantes dos seus semelhantes.
As redes sociais que teoricamente deveriam solucionar o problema e aproximar os indivíduos aproximam apenas avatares e informações, mas destroem as relações humanas, que necessitam de proximidade e sinestesia para serem realmente saudáveis. A situação é tão crítica que há poucos dias me peguei conversando com meu irmão pelo Messenger, estando ambos dentro da mesma casa.
Diante disso, parece-me que distorcemos o sentido das palavras do Eclesiastes quando disse: “A tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar”. O abraço se tornou estranho a nossa rotina, não temos mais tempo para sentir o pulsar do coração do outro, e em conseqüência dessa estranheza ao abraço, não é estranho que não sintamos mais compaixão e empatia pelos que sofrem, pois se negamos a ele o abraço, como sentiremos a quantas anda o seu coração?
Espero sinceramente que não sejam mais necessárias catástrofes, para que o desejo de abraçar o outro me invada. Não quero que haja “inundações”, tsunamis, acidentes nucleares, para que eu me disponha a ser a força do cansado. Não quero que a morte, entre lúgubre, em minha casa e leve um dos meus para que eu deseje o abraço daqueles a quem amo.
Obstinado, desligarei o computador, quantas vezes for preciso, atravessarei a casa e abraçarei meu irmão. Olharei nos seus olhos, e sentindo o seu calor, lhe direi aquilo que nos faz semelhantes a Deus: Eu Te Amo!

por: Pb. Tiago Chagas, verão de 2011.

Tiago Chagas Ministries / Portal Padom

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