O Homem Que Perdeu Cristo !

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HOMEMMENINOQuero lhe mostrar o homem mais trágico da História. Ele não é Judas; não é Herodes; nem mesmo é dos que odeiam Deus. Era filho de Davi, rei em Jerusalém, e de certa maneira o homem mais triste e patético da terra.

Por favor me entenda, quando digo que um rei do Velho Testamento anos antes de Belém e do Calvario, perdeu Cristo. Como uma pessoa pode perder Cristo, séculos antes de Ele ter nascido?

Cristo esta revelado ao longo de todo o Velho Testamento. Em verdade, esta é a principal razão da existência do Velho Testamento – ele nos aponta Cristo. Foi no caminho de Emaus que Cristo revelou a dois de Seus discípulos a verdade sobre Si mesmo no Velho Testamento: “E, começando por Moisés, discorrendo por todos os profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras” (Lucas 24:27).

Salomão também bebeu da bebida espiritual de Cristo e comeu do Seu alimento espiritual. Durante algum tempo esse rei trouxe o Amado às suas câmaras e se alegrou em Seu amor. Salomão compareceu aos banquetes do Senhor. Assentou-se sob Seu pendão de amor. Teve grande sabedoria, e em espírito tocou a Rosa de Sarom e viu o Lírio dos Vales. Assentou-se sob Sua graça em grande deleite. Sentiu a mão de Cristo sob sua cabeça, e Seu braço direito o abraçando. Seu maior prazer foi o íntimo som da voz de Jesus.

Mas chegou uma hora em que se ouviu a voz do Amado a dizer, “Salomão, amado… Levanta-te, amigo meu…e vem” (vide Cantares 2:10). Não ha erro na mensagem. Vejo tão claro! Salomão estava ouvindo o alto chamamento de Deus em Cristo. Um chamado para satisfazer a alma com nada além dessa bebida e desse alimento espirituais. Um chamado para ir além do arrebatamento e êxtase, para contemplar o apaixonado de sua alma e ser transformado em seu homem interior.

Foi um chamado para livrar a vinha das raposinhas que estragavam as videiras. Um chamado para o aprofundamento, um chamado para os pastos verdejantes da revelação divina e para contemplar um Senhor alto e elevado. Foi chamado para ser apascentado, nutrido, entre os lírios (Cantares 2:16). Salomão ouviu, “Volta, amado meu; faze-te semelhante ao gamo…ao filho das gazelas sobre os montes escabrosos” (2:17). Venha e almeje pelo Amado como a corça almeja pelas aguas nas montanhas pedregosas.

Irá Salomão ouvir Deus chamando-o para uma vida de absoluta devoção e separação? Ira ele se levantar, se aprumar, e abandonar tudo que o prende às coisas terrenas, e fugir para o monte com Deus? Ira responder ao alto chamamento e “vir”? Duas vezes o chamado veio – “Levanta-te e venha comigo”.

Irá Salomão se afastar da rainha de Saba e sentar-se aos pés do Amado? Irá esquecer todas as coisas boas que Deus lhe deu – o aplauso, o destaque, a pompa, a riqueza – e considerar tudo vaidade e opressão? Ira ele responder ao alto chamamento e buscar Quem sua alma amara? Ira ele reconhecer que até coisas boas podem turvar nossa visão dEle? Sera que o coração de Salomão esta verdadeiramente possuído por seu Amado? Será que ficara a noite toda acordado desejando-O? Será que subira às montanhas para responder Seu alto chamado?

Há um problema! Salomão é um homem cheio de cobiça! Esse homem de Deus tinha uma controvérsia feroz na alma. Tinha mil raposinhas em sua vinha, devorando o fruto – setecentas esposas e trezentas concubinas: “Amou Salomão muitas mulheres estrangeiras …das nações de que havia o Senhor dito aos filhos de Israel: Não caseis com elas, nem elas convosco, pois vos perverteriam o coragão, para seguirdes os seus deuses. A estas se apegou Salomão pelo amor” (I Reis 11:1,2).

De Deus não se zomba. Não importa que este homem de Deus tenha sido o mais aquinhoado na terra – ele estava tentando ter o melhor de dois mundos. Ele queria ter seu amado Senhor – e suas raposinhas. Mas o pecado sempre nos alcança. “Sendo já velho, suas mulheres lhe perverteram o coração para seguir outros deuses; e o seu coração não era de todo fiel para com o Senhor…” (11:4,6).

Cá esta, em toda sua torpeza. O Amado diz: “Vem” – mas Salomão “não era de todo fiel para com o Senhor”.

Quero mostrar o que acontece ao homem que deixa passar o alto chamamento de Deus em Cristo Jesus! Estas lições vívidas deveriam chacoalhar até a raiz de nossa espiritualidade! Deus esta nos dizendo algo nessa tragédia. Observe o firme descer degrau a degrau de um homem que se rende à carne.

1. Deus Provocou os Adversários Contra Ele !

“Pelo que o Senhor se indignou contra Salomão, pois desviara o seu coração do Senhor, Deus de Israel, que duas vezes lhe aparecera” (I Reis 11:9). Ele tinha posto em risco tudo que possuía. Deus agora era seu adversário. O reino lentamente seria arrendado, e dado a outro. Deus lhe disse basicamente, “Eu não levarei tudo embora, mas você será só uma sombra do que foi. Por fora as pessoas não notarão nenhuma diferença. Você ira em frente com a carapaça externa intacta, mas por dentro, aos poucos ira se desintegrar. Sabera que não estou mais trabalhando contigo. Você esta só. Perdeu a unção por causa do pecado”.

Deus removeu Sua mão de Salomão – e a partir daquele dia a cerca de proteção foi derrubada, e Deus incitou inimigos para assedia-lo. “Levantou o Senhor contra Salomão um adversario, Hadade, o edomita” (I Reis 11:14). De novo no verso 23, “Também Deus levantou a Salomão outro adversário, Rezom, filho de Eliada”.

É um erro trágico confundir julgamento e correção devidos ao pecado, com obra de Satanás – se Deus esta por tras. Deus ainda amava esse homem, e Ele próprio levantou esses inimigos. Satanás pode ter sido a ferramenta, mas por tras, Deus era a força que movia tudo. Deus esperava trazer Salomão de volta ao juízo e restaura-lo à comunhão e ao companheirismo.

O rei Hadade acorda um dia com vingança no coração contra Salomão, talvez até surpreso pela súbita compulsão de lhe tornar as coisas difíceis. A idéia dele deve ter sido mais ou menos essa: “Quem ele pensa que é – achando-se um grande homem de Deus, vivendo em esplendor, com tanta gente chegando para ouvir sua sabedoria, lhe trazendo presentes, tratando-o como deus? Vamos persegui-lo, mostrar aos outros como ele é, descobrir suas fraquezas!”.

Durante anos Rezom não ousou levantar a voz contra Salomão. Mas certo dia seu espírito foi fortemente agitado. Ele convocou os conselheiros e eles, também, estavam agitados contra Salomão. “Ora, ele não é um homem de Deus”, disseram; “ele é um político; tem os ouvidos da rainha de Saba; líderes mundiais o recebem e ouvem seus conselhos. Vamos criar confusão e complicar sua vida. Ele agora será o nosso alvo principal. Vamos tentar lhe derrubar!”.

O pior golpe veio da própria família de Salomão q uando Jeroboco, filho de uma serva, “levantou a mão contra o rei” (I Reis 11:26). Salomão passara a ama-lo, tornando-o associado seu. Foi colocado como encarregado sobre a casa de Josi. Mas o jovem o apunhalou pelas costas, digamos assim. Rebelou-se e se voltou contra o benfeitor, Salomão. Agora Salomão tinha inimigos dentro e fora. Por favor entenda, é possível sofrer pela justiça; é possível ser perseguido por causa de Cristo, pregar o evangelho com tanto poder que o inferno inteiro se junta para calar isso. Mas muito do que estamos vendo hoje é obra de Deus – e esta sento atribuída a Satanás.

Se os homens de Deus não se humilham e não abandonam a carne e o mundo, eles precisam de adversários para desperta-los. Se os homens de Deus não deixam de lado a política e não voltam a pregar Cristo, se não permitem que o Espírito Santo os humilhe e purifique – Deus tem todo o direito de levantar inimigos contra eles.

É desse tipo de homem de Deus que estamos falando. O Senhor lhe havia aparecido duas vezes. Foi poderosamente ungido. Mas Salomão tinha de tratar com Deus – não com Satanás! Nem se compara a temeridade de se cair nas mãos do Diabo, com o cair nas mãos de um Deus irado. E Deus estava irado com Salomão.

Somos tão cegos. Não conseguimos reconhecer a ação de Deus, arrancando o reino dos desobedientes e orgulhosos, usando adversários para trazer homens de Deus à sensatez espiritual; pondo um basta à sensualidade e às concessões dentro do ministério; corrigindo os que se tornaram surdos ao alto chamamento de Deus em Cristo para arrependimento e santidade.

Você pode conhecer um piedoso servo de Deus que esteja sofrendo grande perseguição, e você tem o testemunho de que Satanás esta por tras disso. É um homem que não busca holofotes. Esta amarrado ao Senhor e a mensagem dele mostra isso. É totalmente dedicado a Cristo, e vive uma vida humilde e imaculada diante do mundo. A voz dele é desperta e convida ao arrependimento. Amorosamente ele apresenta as exigências do evangelho, e agita o ninho do inimigo. Satanás o persegue fisicamente, mentalmente, e com todas as armas de seu arsenal. A imprensa o crucifica; os pastores riem dele e o ridicularizam. Mas esse homem sabe que é puro e limpo aos olhos de Deus – e você sabe disso também. Ele precisa de nossas preces e apoio. O Senhor o levara a níveis mais elevados.

Mas cá esta um outro homem de Deus, sob fogo cerrado e perseguição. A imprensa o ridiculariza publicamente. Seu estilo de vida abastado é demonstrado diante do mundo. Parece uma conspiração para o derrubar e acabar seu ministério. Um inimigo sai, e outro se levanta. Ele é acusado, espinafrado e citado erroneamente. Então o homem se mexe em busca de simpatia e amor. Os aplausos de amigos o deixam temporariamente encorajado. Contudo no fundo de seu coração ha a suspeita de que Deus esta por tras de tudo. Em algum lugar, esse homem deixou escapar algo. Ele ficou muito ocupado, muito famoso, muito autocentralizado para responder o alto chamado de Deus para se aprofundar em Cristo. E todos aqueles que são verdadeiramente vencedores e possuem discernimento, podem sentir isso. Eles sabem que Deus esta tentando trazê-lo de volta às suas raízes espirituais.

Se estou sendo assediado por inimigos ímpios, é melhor eu descobrir quem os enviou: Deus, ou Satanás? E se há pecado em minha vida, sei de onde vêm tais inimigos! Não preciso enviar nenhuma carta pedindo dinheiro para ajudar a combater o Diabo. Não ouso dizer às pessoas que o Diabo esta zangado comigo se é Deus que está.

2. Mais um Degrau Abaixo – a Perda da Presença do Amado

Ouça esse grito doloroso – “Abri ao meu amado, mas ja ele se retirara e tinha ido embora; a minha alma se derreteu quando, antes, ele me falou; busquei-o e não o achei; chamei-o, e não me respondeu” (Cantares 5:6).

A gente começa a ter dó desse homem, pois ele ainda anseia pela intimidade que um dia conheceu, mas não esta querendo pagar o prego para ser restaurado. De um lado ainda esta brincando com as raposinhas, ainda cobiçando – mas do outro lado, quer continuar gozando da presença do Amado. Ele sai tropeçando do bordel real, ébrio do vinho proibido da luxúria, e vai atras do Amado. “Para onde se foi? Se encontrardes o meu amado, que lhe direis? Que desfaleço de amor…”. Mas inexiste substância. Agora é uma sombra, uma lembrança – que ficou do outro lado da janela, além das grades de madeira das câmaras.

O Amado não fica íntimo de um enamorado infiel. Não é de se admirar que Salomão tenha perdido a visão do Amado. Não é de se admirar que o Senhor não tenha respondido quando ele chamou. Não é de se admirar que a solidão e o desespero tenham se estabelecido. Ele estava perdido na luxúria! Em meio a lágrimas de dor e tremendos pressentimentos, Salomão foi sendo levado de volta ao pecado, vez após vez. Ele estava rasgado ao meio entre dois amores. Era ceder ao desejo, arrependimento; ceder ao desejo, choro; ceder ao desejo, arrepender-se; fome de Deus, ceder ao desejo, orar. Mas sempre a carne prevalecia.

Vejo cristãos que têm deixado passar o alto chamamento de Deus em Cristo por causa da luxúria e do pecado; e eles inevitavelmente ficam cheios de remorsos. A alegria do Senhor se afasta deles. Onde antes falavam com intrepidez, agora fazem perguntas. Falam de sua fome espiritual, de sua necessidade de conhecer melhor a Cristo, mas ha mais sombra que substância. Você vê o melancólico olhar que diz, “Sim, eu O amo de verdade – preciso dEle – mas simplesmente não consigo romper essa coisa que me prende!”. Eles não conseguem olhar você nos olhos.

Não consigo imaginar nada pior na terra do que perder o senso da presença de Cristo. Olhamos esse triste quadro de Salomão, e nos perguntamos como um homem tão abençoado e dotado pôde trocar seu bom nome, seu lugar na história, seu reino, e o seu lugar em Deus – pelo direito de ceder a paixões incontroláveis.

Esse é o mesmo homem que uma vez se levantou diante de Israel e clamou, “Ó Senhor Deus de Israel, não ha Deus como tu…que guardas a aliança e a misericórdia a teus servos que de todo o coração andam diante de ti…(Ouve) Quando os céus se cerrarem…por ter o povo pecado contra ti…(Ouve) toda oração, e súplica, que qualquer homem…fizer… conhecendo cada um a chaga do seu coração… perdoa … Quando pecarem contra ti…e tu te indignares contra eles… se…caírem em si, e se converterem…ouve…perdoa…para que teus olhos estejam abertos à súplica do teu servo e…do teu povo…a fim de os ouvires em tudo quanto clamarem a ti” (I Reis 8).

Que pregador de poder Salomão chegou a ser! Que luz maravilhosa inundava sua alma. Mas deixou passar o alto chamamento. Escolheu não aspirar ao coração do Amado, para poder perseguir o prazer. Em seus últimos dias saiu prevenindo os jovens dizendo “Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais dirás: Não tenho neles prazer” (Eclesiastes 12:1).

3. Finalmente – Salomão Ficou Sem Nada a Não Ser Sonhos Esvaziados

Tendo se afastado da visão celestial, ficou absorto com a terrena. Salomão tornou-se construtor, passando a maior parte do tempo com arquitetos e empreiteiros. Para a mente carnal, era um homem de grande visão e ousadia – um espírito aventureiro fazendo grandes coisas. Os projetos consumiam sua mente. O homem que não tinha tempo para “vir” com o Amado, achava tempo para empreender “grandes obras” (Eclesiastes 2:4).

Salomão tinha a atenção ligada à paixão por construir prédios magníficos, tanques, vinhas, jardins e pomares. Construiu o maior templo do mundo. Passou 13 anos construindo para si um palacio maravilhoso. Projetou um recanto de verão incomum nas florestas do Líbano. Construiu tribunal para o júri, fortalezas, cidades pedradas, quartéis para carros de guerra, e edificou novas cidades em terras distantes. A dez quilómetros de Jerusalém, em Ain Karim, projetou e construiu grandes jardins, pomares e parques magníficos. Edificou reservatórios, tanques, e aquedutos para levar agua para Jerusalim e para creches que se espalhavam.

O rei se tornou um homem da pecuária, promovendo a procriação de grandes rebanhos de gado, carneiros, e cavalos exóticos. Possuía 1.400 carruagens e 12.000 cavaleiros. Josephus relata que os condutores das carruagens tinham longos cabelos banhados com ouro em pó, cabelos que flutuavam ao ar, e vestiam túnicas púrpuras vindas do Tiro.

Salomão construiu uma Marinha. Interessou-se por ouro, marfim, prata, finas roupas, couro, especiarias, pavões, e outros animais exóticos. Fez para si um grande trono de marfim e o cobriu de ouro. Suas taças eram de ouro. Havia uma fartura que não se conseguia contabilizar. Distribuía abundantemente jóias para convidados e esposas. Promovia grandes banquetes apresentando seus corais e orquestras particulares. Deliciava os convidados com música, vinho e dança.

A rainha de Saba perdeu o fôlego ao contemplar a real cavalgada de Salomão em todo seu magnífico esplendor. Carruagens douradas, os gigantescos contingentes de guarda-costas, cavaleiros e atendentes – que cena impressionante ao se dirigirem a um dos “paraísos” de Salomão.

Mas o que a rainha de Saba não sabia é que Salomão estava prestes a se tornar o homem mais solitário e desiludido do reino. Ele apenas iria manter a rotina até o fim. Cada novo projeto de construção, cada nova aquisição o deixava mais fragmentado e desencantado interiormente. O sucesso dentro do espaço real o tornou auto-suficiente, determinado. Ele ficou tão fortalecido pelo sucesso e suas possessões visíveis, que se tornou indiferente ao declínio espiritual. Sentia-se autoconfiante e superior em si mesmo ao inspecionar o império, e não via necessidade de inspecionar a si mesmo. Sua influência e possessões o impulsionaram a ele mesmo avaliar sua conduta, não ouvir conselhos de ninguém e a seguir os próprios sonhos.

Quando as coisas visíveis são a atração e o centro das atenções, o coração se esfria. Salomão se desviou e tornou-se escravo do visível. Por um curto período desfrutou dos projetos. Ele podia dizer, “eu me alegrava com todas as minhas fadigas” (Eclesiastes 2:10). Mas logo o ouvimos confessando, “Considerei todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também o trabalho que eu, com fadigas, havia feito; e eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento, e nenhum proveito havia debaixo do sol…Pelo que aborreci a vida…Também aborreci todo o meu trabalho…” (Eclesiastes 2:11-20).

Como isso é triste! Ele era admirado como homem de visão e empreendedor. Mal sabiam as multidões que era um homem profundamente perturbado. Ele avaliava todos os projetos e isso acabava deixando-o doente! Basicamente ele pensava, “Que desperdício! De que valem todas estas coisas materiais? Elas não me trouxeram felicidade alguma!”.

Eu já passei por isso, em escala menor. Sei como é essa sensação de se estar afundando, esse sentido de futilidade. Ja planejei, ja fiz esquemas e construí – gastando semanas em cima de projetos de construção, me desmanchando em cima de planejamentos, dizendo a mim mesmo que estava fazendo tudo “para a glória de Deus”. Eu estava construindo para Jesus – ou pelo menos é isso que eu dizia aos outros. Mas nada disso me trouxe felicidade, pelo contrario me deprimia no fim. Começava a pensar, “Estou enjoado de construção – cansado de levantar dinheiro. Que bom se chegasse alguém e fizesse isso”.

Então um dia ouvi o alto chamamento de Deus para me aprofundar em Cristo. Foi só aí que entendi que eu estava envolvido em toda aquela agitação por estar perdendo o contato com o meu Amado. Eu tinha de parar com tudo aquilo. Eu não podia mais gastar o tempo com sonhos vazios. Eu tinha de parar com a idéia do acampamento dos meus sonhos. Tinha de parar com a idéia do instituto bíblico dos meus sonhos. Tinha de parar com a idéia do rebanho de gado nobre. Eu tinha ouvido Deus chamando de maneira clara e nítida – “David, você esta andando na contra-mão. Venha Comigo. Me encontre no monte. Venha para o vale dos lírios. Venha descobrir a Rosa de Sarom. Venha, abrace-Me, e Eu o satisfarei com vida espiritual, paz e alegria”.

Veja tudo que Salomão construiu, e descobrira que ele tentou recriar materialmente o que perdeu espiritualmente.

– Aquedutos e tanques, no lugar de aguas vivas.
– Pastos verdejantes e aguas frescas em Ain Karim, ao invés dos pastos verdejantes e das aguas frescas do Salmo 23.
– Um templo laminado a ouro, em lugar de um templo espiritual do Espírito Santo.
– Um rebanho particular sobre doze colinas, ao invés do rebanho dEle sobre mil colinas.
– Corais humanos, em lugar de um coral de anjos.
– Um trono aqui, em lugar de um trono la.
– As carruagens de Salomão, em lugar das carruagens do Senhor dos exércitos.
– Um palacio aqui, no lugar de mansões la.
– Ruas calçadas com ouro em Jerusalém, em lugar das ruas calçadas em ouro da Nova Jerusalém.

Não fica óbvio que Salomão estava tentando construir com as mãos o que havia perdido no coração? Você acha que um homem de Deus que esteja seguindo o Senhor Jesus Cristo tem tempo para se rebaixar a sonhos terrenos? O homem de Deus deve estar assentado nas regiões celestiais em Cristo Jesus, ouvindo o tempo todo os planos de Deus, em conversações com o Todo-Poderoso – para então poder descer e edificar uma casa espiritual!

Por que ha tantos sinceros homens de Deus atolados em projetos, em programas gigantescos de construção, em sonhos que consomem seu tempo? Isso não é para sugerir que todos os projetos de construção sejam vaidade. Não duvido que muitos servos de Deus estejam verdadeiramente interessados em construir só para a glória de Deus. Deus tem os Seus construtores e pioneiros – são homens que só constroem em necessidade. Merecem encorajamento e apoio.

Por outro lado, não ha dúvida em minha mente de que muitas das construções e planejamentos de prédios religiosos de hoje, são o resultado da perda do alto chamamento por parte de homens de Deus. Deixaram passar o espiritual, então voltam-se para o material. Constroem com as mãos, pois estão atolados na perseguição a Cristo. E o mais ocupado traça os planos maiores – “Quanto mais aparece, mais raso chega”.

Isso se aplica não apenas aos pastores. O membro da igreja vai na mesma direção. Por que os cristãos ficam tão encantados com casas, terras e prosperidade? Por que a perseguição por luxo, comodidade e prazeres? É porque o alto chamamento de Deus esta sendo recusado. O ego está no controle. A segurança e o prazer substituíram a preocupação pelas coisas do Senhor.

Conclusão: Paulo Foi o Homem que Ganhou a Cristo!

“Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as cousas e as considero como refugo, para conseguir Cristo” (Filipenses 3:8).

Como Salomão, Paulo foi visitado pelo Todo-Poderoso duas vezes – uma na estrada para Damasco, e depois na casa de Judas em Damasco quando recebeu o Espírito Santo. Paulo poderia ter prosseguido na força dessas duas visitagues iniciais, viajado, dado seu testemunho sobrenatural. Isso teria sido entusiasmante. Mas Paulo ouviu Deus chamando-o para algo mais elevado. Ouviu o mesmo chamado que Salomão ouviu – o Amado dizendo: “Vem. Venha para o Meu jardim e aprenda de Mim”.

Paulo correu atrás do seu Amado na Arábia. Ficou louco – segundo todos os padrões evangélicos – por desistir da aceitação e reconhecimentos imediatos. As almas estavam morrendo, ele era ungido. Por que não chegar rápido aos brancos campos da ceifa? Ao invés, buscou isolamento, deixando para trás todas as demandas religiosas. Esquecendo tudo, ele agora prosseguia para o alvo, para o prémio. Cristo é tudo! A Arábia era para Paulo os pastos verdejantes, o vale dos lírios, o salão de banquetes do amor, o banquetear do pão vivo – onde a Rosa de Sarom poderia ser vista em plena florescência, em toda Sua glória e majestade.

Graças a Deus há uma agitação em meio ao povo de Deus. O Seu alto chamamento está sendo ouvido por famintos servos do Senhor. Há uma urgência que encontro em muitos corações – em se trancar com Deus, em avançar, em se aprofundar em Cristo. A insatisfação esta levando muitos ao seu limite. Ouço agora por todo lado que vou – “Tem de haver mais do que isso! Quero ver a Jesus! Quero encontra-Lo. Quero uma nova revelação dEle. Estou faminto por Sua plenitude. Estou enjoado de tanta superficialidade, do ativismo, do agito, das representações. Quero ver Jesus!”.

O tempo está passando – o alto chamamento breve não será mais ouvido. Sera que você atendera o chamado “Vem comigo…saiamos” ? Não quero ficar diante do trono de Cristo no Juízo e ouvi-Lo me dizer: “Eu chamei, mas você recusou”. Ser julgado por desleixo, por leviandade, por apatia – que terrível!

Cristo precisa ser o Senhor de tudo agora, ou não será Senhor de nada!

por: David Wilkerson

Publicado com permissão de:
World Challenge, Inc.
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