O silêncio dos covardes

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silenciodoscovardeO silêncio dos covardes

Quando nos dispomos a pregar o Evangelho puro e verdadeiro mundo faz todo o tipo de pressão para nos silenciar. Esta mensagem orientará você e lhe fortalecerá para assumir uma postura conforme a vontade de Deus.José Bernardo

Sermão proferido pelo pastor José Bernardo no culto Missionário do IBAD, em Pindamonhangaba no dia 26 de maio de 2006

Leitura Bíblica: Atos 18:9-11

“Certa noite o Senhor falou a Paulo em visão: “Não tenha medo,continue falando e não fique calado, pois estou com você, e ninguém vai lhe fazer mal ou feri-lo, porque tenho muita gente nesta cidade”. Assim Paulo ficou ali durante um ano e meio ensinando-lhes a palavra de Deus.”

Há um dito que circula entre os evangélicos que diz com muita propriedade: “O silêncio de um crente é igual ao silêncio de mil crentes, já do barulho não se pode dizer o mesmo!” . Se os crentes ficam em silêncio, quietos em seu cantinho, não são notados, não fazem diferença. 26 milhões de evangélicos (o número cresce em época de eleição) que não evangelizam, não clamam, não se indignam com o pecado, não protestam pela santidade, é o mesmo de serem apenas um único e enfraquecido cristão. Quando clamam e proclamam, então fazem diferença! É por isso que sofremos todo tipo de pressão para de algum modo silenciarmos e deixarmos de evangelizar.

Ao olharmos ao redor, vemos que a sociedade se organiza para silenciar a pregação do Evangelho. Para citar apenas exemplos em nossa legislação, temos, entre outros, a Lei do Terceiro Setor que diz que as organizações da sociedade civil de interesse público não podem ser religiosas; o Estatuto das Cidades que ameaça as igrejas de precisarem da aprovação da maioria dos moradores de uma localidade para construir um templo; o Estatuto do Índio que virtualmente obsta que o cidadão nativo mude de religião; as leis contra discriminação usadas para impedir que a igreja pregue contra o pecado; a lei da indisciplina que ameaça os cristãos que corrigem seus filhos conforme a Bíblia. Neste cenário de opressão, o texto que estamos examinando nos traz ânimo e orientação.

1. O que o texto diz?

Paulo está em sua segunda viagem missionária, que fez entre 49 e 52 dC. Ele vem de frutíferas mas conturbadas estadias em Filipos, Tessalônica, Bereia e Atenas. De Atenas, mui provavelmente desce ao Pireus e navegando ou caminhando pelo litoral chega à orgulhosa Corinto. Reconstruida poucos anos antes é agora o mais importante centro de comércio e indústria da região, capital da Acaia, nova província romana. Paulo procura ali seu sindicato profissional, une-se a ele e começa a trabalhar e a pregar o Evangelho. Não tarda a enfrentar a oposição de grupos que desejavam silenciar. Podemos identificar, neste texto, três grupos a lhe fazerem oposição:

1.1. O grupo religioso (v. 6, 12). Formado pelos judeus reunidos em comunidades exclusivas em cada cidade por onde passava, este grupo resistia à dinâmica da fé, procurando preservar não a doutrina, mas a religiosidade criada em torno dela. Atacava Paulo com muitos insultos e fez uma oposição organizada para levá-lo à justiça e dessa forma silenciá-lo.

1.2. O grupo mundano (v. 4, 6). Paulo ser refere a ele como gregos ou gentios. A passagem que lemos não explicita nenhuma oposição por parte deles, mas a carta de Corinto toda mostra a rejeição, opressão e intenção de silenciar o Evangelho de Paulo, por uma sociedade que vivia no conforto e na abastança, luxuriosa e auto-indulgente, que resistia para não abandonar o pecado.

1.3. O grupo oficial (v. 14-17). Este grupo representado por Gálio, procônsul da Acaia, irmão do célebre filósofo Sêneca, e seus lictores (guardas do tribunal) também pretende manter o status quo, não dando importância, nem protegendo nem atacando na disputa entre Paulo e os judeus. Embora o espancamento a Sóstenes, chefe da sinagoga (provavelmente no lugar de Crispo agora convertido v. 7) tenha sido, quase com certeza, perpetrado pelos guardas do tribunal contra a resistência dele em se retirar, a atitude impassível de Gálio mostra que ele não se importaria se Paulo fosse aniquilado pelos judeus.

2. O que o texto quer?

O objetivo essencial deste texto é, indiscutivelmente, que Paulo deixe de lado o medo que poderia silenciá-lo, e continue pregando. Objetivo que é alcançado, já que Paulo continua ali por pelo menos mais um ano e meio. Para alcançar esse objetivo, Deus garante a Paulo que nada lhe sucederá, e de fato, depois, mesmo tendo sido levado ao proconsul, nada aconteceu a Paulo ainda. Mas seria um erro pensar que essa proteção foi resultado de algo que Paulo era ou fazia, porque sendo o mesmo homem e cumprindo o mesmo ministério, em outros momentos ele passou fome, frio, sofreu açoites e por fim foi assassinado pelo império romano. Os motivos da proteção que Paulo teria naquele momento são outros. Ele seria poupado naquela circunstância:

2.1. Por quem Deus é – “pois eu estou com você”

2.2. Pelo que Deus faz – “tenho muita gente nessa cidade”

Dessa forma, a vitoria sobre o medo em outros momentos da vida de Paulo não pôde estar fundamentada na promessa de ser poupado, porque isso era circunstancial. Paulo precisou vencer o medo que silencia e insistir em pregar, mesmo quando sofria espancamento e privações.

3. O que você vai fazer?

3.1. O mundo se organiza para silenciar você e impedi-lo de pregar o verdadeiro Evangelho. Este silência se manifesta de muitas formas, até no excesso de palavras vazias, que não confrontam nem transformam ninguém:

Oposição religiosa: Doutrinas novidadeiras surgem a todo momento fazendo com que o Evangelho original seja diminuido e calado. Uma igreja modernizada, comprometida com a psicanálise e com outras explicações apócrifas para o pecado impede a verdade bíblica. O ecumenismo, baseado na comunhão sobre grandes similaridades não essenciais, ainda que no essencial haja incompatibilidade, intimida e bloqueia a mensagem pura e incontaminada do Evangelho.

Oposição mundana: A visão científica, conhecimento de menor importância do que a fé, é mais valorizado por nossa sociedade, e a igreja silencia a pregação genuína quando a ciência a classifica de não científica. A tensão que a Igreja sofre para atrair o homem pós-moderno, seu medo de não cativá-lo, faz com que se dobre aos seus caprixos, silenciando a mensagem que o desagrada. A visão humanista que faz a Igreja e Deus servirem ao homem, seus direitos e vontades, também silencia a pregação de um Evangelho onde o homem é propriedade de Deus, inútil e condenado, salvo apenas pela graça e amor de Deus.

Oposição oficial: Leis que interferem na pregação do Evangelho continuarão a ser planejadas e aprovadas por uma sociedade cada vez mais anti-bíblica, em um insistente movimento de tenaz, sufocando a voz dos pregadores. O Estado será cada vez mais parcial, punindo o evangelizador quando fala contra o pecado, e premiando o pecador quando fala contra o Evangelho. Falar contra o pecado é discriminação, mas falar contra o Evangelho é liberdade de expressão. Quem pode confiar em um Estado que age assim? Um Estado que garante a liberdade para a imoralidade e ameaça a liberdade dos que querem viver em santidade?

3.2. A oposição gera medo. Quando muitas forças se levantam contra o pregador o medo surge, como surgiria para Paulo. Boa coisa é não ter nada a perder. Não tendo nem mesmo a própria vida por preciosa, ficaremos livres do medo e pregaremos tudo o que devemos pregar. Essa foi a solução que Paulo encontrou quando era avisado de que prisões e sofrimentos o aguardavam: “Todavia, não me importo, nem considero a minha vida de valor algum para mim mesmo, se tão somente puder terminar a corrida e completar o ministério que o Senhor Jesus me confiou, de testemunhar do evangelho da graça de Deus.” At 20:24. Mas nós teremos medo quando:

Recearmos perder a subsistência: A perspectiva de passar fome, não ter onde morar ou socorrer-se emudece!

Recearmos perder a segurança: Colocar a própria vida em risco de prisão ou de morte, ou a dos familiares, muda nosso dircurso.

Recearmos perder as amizades: A ameaça de ficar isolado, solitário, sem apoio, perder o amigo, molda nossas palavras.

Recearmos perder o status: Ser desprezado, ignorado, perder privilégios, faz com que se pense duas vezes antes de falar.

Recearmos perder nossos sonhos: Perder oportunidades, não poder realizar coisas que muito se deseja, cria um nó na garganta.

Sabendo disso, tome hoje uma decisão firme e imutável de vencer o medo e continuar a pregar o Evangelho vivo e puro do Senhor Jesus. E nessa decisão, eu quero alentar você com um pensamento que achei muito significativo: “Coragem não é a ausência do medo, mas a consciência de que há coisas muito mais importantes do que temer!”.

Deixe que a maravilhosa voz de Deus lhe dizendo “Nao tenha medo, continue falando e não fique calado”, seja muito mais importante em sua vida do que o temor de perder qualquer coisa, até a própria vida. Deixe que os covardes fiquem em silêncio, mas você continue falando, “Pois Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio.” 2Tm 1:7

Fonte: Pr. José Bernardo – AMME

Sermão

As citações bíblicas são da NVI

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