Religiosas portuguesas em rede contra o tráfico de pessoas

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freira pcFenómeno global e em aumento preocupa Igreja Católica em todo o mundo
“Uma rede não coordena, mas coordena-se a si mesma”. Foi assim que Stefano Volpicelli, da OIM – Itália, procurou clarificar a busca que 50 religiosas delegadas das redes já presentes em 36 países, realizaram de 15 a 18 de Junho 2009, em Roma, Itália, para o consolidamento da “Network[bb]” internacional da Vida Consagrada contra o Tráfico de Pessoas.

Foi a segunda vez que as Congregações, convocadas pela União Internacional das Superioras Gerais (UISG), se encontraram para definir objectivos, constituir e estruturar a rede, criar condições para a sinergia. O trabalho para a intervenção mais eficaz e “profética” da Igreja no mundo, brota do programa de formação específico para “Pessoal Religioso” que está a acontecer em diferentes partes do mundo.Em Portugal, com o apoio da OIM, ACIDI e CIRP já se realizaram dois cursos que contaram com a participação de cerca 30 pessoas. O terceiro está agendado para meados de Outubro[bb] próximo e vai envolver especialmente as congregações religiosas masculinas e sacerdotes na sensibilização e rede nacional CAVITP(Comissão de Apoio às Vítimas do Tráfico de Pessoas), promovida pela Conferência de Institutos Religiosos Portugueses.

O Tráfico de Pessoas, seja para a exploração sexual (sexo a pagamento, prostituição e pedofilia), seja para a exploração laboral (trabalho ilegal, forçado e infantil), é um fenomeno global, complexo e em aumento. Tendo chegado também a Portugal e a outros Países lusófonos, pede respostas “em rede” e uma “caridade e profecia em sinergia” da parte da Igreja.

Na verdade, muitas Organizações governamentais e da Sociedade civil, como a OIM, reconhecem às mulheres católicas – religiosas e leigas – um pioneirismo invulgar. Não obstante os recursos e meios modestos, têm sido elas – animadas pelo seu “génio” feminino – o grande “oásis” de libertação de mulheres, homens e crianças “escravas” subjugadas por redes criminosas transnacionais. Organizações altamente violentas nos métodos de recrutamento, escravidão, retaliação; organizações “silenciosas” nos lucros do comércio humano e da imigração clandestina, mal gerida e traficada.

O Congresso, apesar de reconhecer dificuldades no arranque do trabalho “em rede”, atingiu com êxito as metas propostas, comentou a Ir. Bernardette Sangmna (salesiana), grande moderadora do Congresso e do demorado processo de constituição da Rede Internacional. Ficaram definidos o objectivo principal e secundários da Network, a intervenção nas diferentes fases (sensibilização, prevenção, assistência/proteção, advogacy, denúncia, reintegração).

As congressistas deram-se uma coordenação e comunicação internas, e “baptizaram” a Rede Internacional da Vida Consagrada contra o Tráfico de Pessoas com a significativa expressão bíblica – em língua aramaica -“Talitha Qûm” (Mc, 5, 41). Uma rede entre outras redes já existentes, uma rede articulada de redes nacionais e regionais, uma rede “inclusiva” que pretende maximalizar de forma corresponsável estratégias e recursos da Vida Consagrada. Uma Netwok que, em nome do Evangelho da Vida, Justiça e Paz, é a voz dos sem voz e sinal de libertação da “nova escravatura”. Instrumento de vida ressuscitada num mundo que professa a “cultura de morte” e humilha e oprime, de forma estrutural, a dignidade da mulher e os direitos humanos dos mais vulneráveis!

O Congresso conclui-se na Basilica de S. Paulo fora de muros com uma liturgia de envio, presidida pelo Pe. Rui Pedro, scalabriniano, que representou o grupo “Migração e Tráfico” da União dos Superiores Gerais (USG) no Congresso da UISG, com vista a um maior envolvimento futuro das Congregações masculinas na Network da Vida Consagrada.

A representação de Portugal era constituída por 4 religiosas, entre as quais a presidente e a tesoureira da CAVITP, a Ir. Júlia Barroso (Teresiana) e Ir. M. Julieta Dias (S. Coração de Maria).

Em Portugal, no plano de ação da CAVITP, este ano constam outras duas ações: no dia 27 de Junho uma Jornada de trabalho com pessoas – religiosas, religiosos e leigos – já em ação no terreno e com conhecimento do tráfico silencioso e criminoso; em meados de Outubro, o III Curso de Formação, com o qual se assinalarà, ente outras iniciativas, a Campanha de sensibilização por ocasião do Dia Europeu de Luta Contra o Tráfico de Pessoas.

agenciaecclesia/padom.com

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