Teatros de rua sofrem com a falta de incentivo e passam a ser palco de cultos religiosos

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Cortinas vermelhas, plateia cheia, refrigerantes e balas à venda na entrada. Poderia ser mais uma peça prestes a começar no Teatro Brigitte Blair, em Copacabana, mas a espera é para um culto evangélico.Aos poucos, pastores vêm ocupando o espaço de artistas em pequenos teatros de rua, que parecem caminhar na mesma direção de antigos cinemas de bairro, hoje de portas fechadas.
— Se eu tivesse mais espetáculos, não abriria espaço para os cultos — diz Brigitte Blair. — Mas tenho que pagar as contas.
A atriz e ex-vedete procura um comprador para seu outro teatro, o exuberante Serrador, no Centro.
— Não aguento mais. Durante 45 anos, dei minha alma a esse trabalho que não tem como continuar — lamenta ela.
A falta de espetáculos é sentida também por outras casas que, ou reservam horários para os cultos ou fecham as cortinas de vez, dando lugar a igrejas.
Depois 21 anos em funcionamento, o Teatro Posto 6, em Copacabana, foi vendido em janeiro.
— Vendi quatro apartamentos para comprar uma loja, que transformei no teatro.
Consegui mantê-lo por 21 anos, mas a situação foi ficando insustentável e tive que vendê-lo — diz a atriz Thaïs Portinho. — Estou aliviada por ter passado o ponto, pois durante dois anos me virei para conseguir me manter. Fico com pena de não ter conseguido levar o projeto adiante.
De acordo com a atriz, há cerca de dois anos o teatro já abrigava cultos evangélicos.
O local foi vendido para um novo proprietário, que vai alugar o espaço para a igreja presbiteriana.
No Teatro da Praia, também em Copacabana , o soar dos três sinais já não é mais ouvido. Atualmente, a casa é palco apenas de cultos da Igreja Missionária Evangélica Maranata.

Fonte: O Globo / Padom

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