Um cemitério protestante, no coração de Roma

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Roma se prepara para a canonização de dois papas: o polonês João Paulo II e o italiano Juan XXIII. Mas, em meio à religiosidade vaticana, há um belo e histórico canto protestante no coração de Roma.

cemitério-protestante-romaVisitar cemitérios pode parecer um programa pouco sedutor. No entanto, muitos cemitérios do mundo estão incluídos no circuito turístico, quer pela sua história, por ser em um determinado local, ou pelos personagens que foram enterrados lá ou pela rica arquitetura de suas sepulturas.

Roma é uma cidade com cemitérios apreciados pelo turismo. Mas nem todos os grandes artistas, escritores e políticos que passaram pela  história da cidade foram enterrados em um dos cemitérios mais visitados da cidade. O motivo? As regras rígidas impostas pelo Vaticano, o que impediu o enterro em suas igrejas e terras dedicadas àqueles que não eram católicos, ou seja, protestantes, judeus e ortodoxos, bem como o suicidas e atores.

UM CEMITÉRIO PARA OUTROS

Os seguidores de outras religiões foram enterrados fora dos muros da cidade ou no campo adjacente. O Romantismo e Neoclassicismo se tornou moda para a cidade eterna e estudantes e artistas de todo o mundo se instalaram lá, o que se tornou um problema quando tiveram que ser sepultados.

cemitério-protestante-roma-2Tal situação fez que no começo de XIX, os representantes diplomáticos da Prússia, do Principado de Hannover (Alemanha) e a Rússia pedissem ao cardeal Consalvi, o então secretario de Estado papal, permissão para construir um cemitério para acomodar os mortos inadmissíveis nos cemitérios católicos.

Conseguido então a permissão, as delegações estrangeiras começaram a construir o novo cemitério que foi inaugurado oficialmente no dia 11 de outubro de 1821, através do decreto da Secretária do Estado do Papa Pio VII (1742 – 1823).

O cemitério passou a ser conhecido popularmente como o “dos protestantes”, embora acolhesse fiéis de outras religiões e muitos personagens do mundo da arte e da cultura, situa-se numa posição privilegiado, no bairro de Testaccio, próximo a Pirâmide de Cestia, um edifícios sepulcral de estilo egípcio. O mesmo foi erguido entre os anos 18 e 12 a.C. como tumulo para o patrício Cayo Cestio, membro dos “Septemviri Epulones”, os responsaveis por organizar banquetes em hora aos deuses.

Apesar de suas características, o cemitério não católico é uma pequena jóia esquecida, negligenciada pelos italianos e visitada ??apenas por esporádicos turistas estrangeiros, principalmente britânicos e alemães, que parecem passar por ali por acaso.

Entre os cerca de quatro mil sepulturas, muitas de excepcional beleza artística, vamos fazer uma viagem a um mundo estranho à modernidade e dominada pelo silêncio.

Entre as suas tumbas se destacam dois dos maiores expoentes da poesia romântica inglesa, Percy Shelley (1792-1822) e John Keats (1795-1821), que morrera na Italia. Shelley, que conhecia o lugar em vida, o qualificou como “o cemitério mais belo que já tinha visto”.

Outro túmulo importante é a que abriga os restos mortais do escultor americano William História (1819-1895) e sua esposa. Sobre este túmulo está uma escultura em mármore e pedra, engraçado e doloroso ao mesmo tempo, conhecido como o “Anjo da Dor”, que foi realizada pelo mesmo artista, pouco antes da morte de sua amada.

Portal Padom

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