Notícia publicada na edição de 10/06/2009 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 5 do caderno A – o conteúdo da edição impressa na internet é atualizado diariamente após as 12h.
Vereadores de Sorocaba manifestaram preocupação com o que classificaram de falta de comando do prefeito Vitor Lippi (PSDB) e cobraram “atitude mais firme” do chefe do Executivo diante das revelações apontadas em reportagem publicada pelo Cruzeiro do Sul, na última sexta-feira, de que ‘egos inflados’ e pouco ‘jogo de cintura’ por parte de secretários municipais estariam atrapalhando o ações desenvolvidas pela Administração, conforme reconheceu o próprio prefeito. A discussão em torno do assunto polarizou os debates na sessão de ontem. Se por um lado aliados desferiram duras críticas e cobranças a uma mudança de postura por parte do prefeito, do outro, a oposição não ficou para trás e tratou de ameaçar o Executivo com uma possível articulação em torno de servidores a aderirem a uma greve nas próximas semanas, caso o Executivo não volte a negociar o índice de reajuste da categoria, cuja data-base é janeiro.“Tenho certeza que essa ‘fogueira de vaidades’ não ficará acesa apenas no mês de junho…época de São João, busca-pé… Acho que isto aqui vai continuar por muito tempo, se o prefeito não tiver pulso forte e resolver esses problemas”, afirmou o vereador Marinho Marte, integrante do PPS, partido aliado do governo Lippi.
Com uma edição do jornal Cruzeiro do Sul, aberta na página que trouxe a reportagem “Fogueira das vaidades trava o Paço”, em mãos, Marinho Marte foi um dos vereadores mais duros nas críticas ao que segundo ele vem ocorrendo no Palácio dos Tropeiros. “É um antro de vaidades. Como pode o orgulho, a inveja, a vaidade, o comportamento por parte de alguns integrantes do habitat conhecido como Palácio dos Tropeiros, atrapalhar o andamento de ações e deixar o prefeito em algumas situações que não foram criadas por ele. Imagine o que o prefeito Vitor Lippi está passando: um verdadeiro inferno astral”, disse e concluiu: “Eu nunca vi, em 26 anos de trajetória nesta Casa, um afastamento do Poder Executivo da forma que estamos presenciando. E é um afastamento total, inexplicável; conturbado, nebuloso, não com o vereador Marinho, mas com esta Casa, com a sociedade. Gosto e respeito o prefeito, mas se ele não tomar cuidado, da forma que está acontecendo: é gente saindo pelo escapamento; é gente indo para a China; todos problemas causados por aqueles que tem seu habitat no Palácio dos Tropeiros”.
Outro integrante da base, o vereador Anselmo Neto (PP), preferiu ler um artigo do pastor Ricardo Godim, intitulado ‘Tempo que foge!‘. Determinado trecho diz: ” Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos. Não quero ver os ponteiros do relógio avançando em reuniões de confrontação, onde tiramos fatos à limpo. Detesto fazer acareação de desafetos que brigam pelo majestoso cargo de secretário do coral”.
O vereador Benedito de Jesus Oleriano (PMN), outro de partido aliado do governo, também cobrou postura “mais firme” por parte de Lippi diante de secretários que “não o apoiam como deveriam”, mas não poupou afagos ao prefeito.
Ameaça de greve
Já a oposição, composta pelos vereadores Francisco França e Izídio de Brito (ambos do PT) aproveitaram o ’embalo’ das críticas feitas pelos integrantes da própria base para fazer seu papel. “Eu confesso que durante a semana passada, quando estávamos saindo daquela greve do transporte coletivo, eu disse que iria ficar calado para ver se o problema em Sorocaba é a oposição ou se não é. E a verdade é que eu estava certo: o problema é a falta de comando do prefeito. O prefeito reconhece que há problemas na equipe e a diz que vai resolver daqui a um mês. Nesse período acabam as festas juninas e as fogueiras oficiais apagam, mas não as da vaidade”, argumentou e foi além : Aí você tem uma outra reportagem, publicada ontem (segunda-feira), ‘Segurança Comunitária tem mais projetos que novas ações’. Temos a cidade parada; só estão cortando grama e varrendo rua. É nós temos o prefeito que vai para as rádios e diz que se a cidade estiver parada rasgo o diploma de prefeito”.
Após as críticas, veio a ameaça: “A partir da semana que vem vamos convocar os servidores e o sindicato a se preparar porque não dá mais para esperar. Parece que o prefeito esqueceu e seus vaidosos também, sobre o reajuste da categoria… E o jornal traz hoje que o paço gastou 10% as mais com folha de pagamento. Como explicar isso?”, questionou de forma irônica.
A defesa do governo mais uma vez foi feita de forma solitária pelo líder do PSDB, o vereador Paulo Mendes. E não gostou de ficar isolado, ao dizer que a oposição está ganhando cada vez mais adeptos. O tucano também reconheceu a existência de egos inflados dentro do secretariado. “Esta matéria foi muito bem elaborada por dois jornalistas do Cruzeiro do Sul. Os secretários colocaram suas opiniões e o jornal às colocou com absoluta fidelidade. Não houve distorção e, por isso, não houve nenhuma reclamação por parte do Paço. E até o próprio prefeito reconheceu que nos primeiros cinco meses ele enfrentou sim algumas dificuldade em relação a algumas vaidades. Mas isso está resolvido. Agora a oposição quer se valer desse fatos”, argumentou. Em viagem a Brasília, o prefeito foi procurado pela reportagem, por meio de telefone, mas até o fechamento desta edição não houve retorno.
JCSul/padom.com
Deixe sua opinião